D. Carlos Azevedo - Bispo Auxiliar de Lisboa
As descrições fisionômicas de Nuno de Santa Maria, referidas pelos cronistas carmelitas, apontam como características principais do seu rosto: comprido e banco, nariz afinado, olhos pequenos e vivos, sobrancelhas arqueadas, rugas na testa, boca pequena, cabelos e barba ruivos, sendo esta pouco densa e caída.
Quando se trata de iconografia de santos, a primeira questão é saber se há "verdadeira efígie". Ora, para São Nuno de Santa Maria é considerado um retrato do século XV, no espaldar da sacristia do Convento do Carmo de Lisboa, de meio-corpo e vestido como donato carmelita (meio-irmão). Este quadro ardeu no terremoto de 1755, mas conservam-se muitas figurações semelhantes. Comecemos, por isso, esta sucinta evolução ícono-gráfica do Condestável pela representação de donato carmelita, antes de passarmos à veste de guerreiro.
Carmelita
São inspirados no quadro do Carmo: pintura do século XVI, da Casa de Pombal-Oeiras-Santiago; a xilografia da segunda edição da Cronica do Condestabre (1554) e um desenho de Fr. Manuel de Sá de 1721. Há no museu de Arte Antiga dois retratos (séc. XVII) de São Nuno, de meio-corpo. Um veste D. Nuno com capa branca, imprópria de um donato. Outro, proveniente do Mosteiro de S. Vicente de Fora, continua a revesti-lo de murça, com gola ornada pela abertura. Muito semelhante é a gravura de buril de Pieter Perret para a edição do poema de Francisco Rodrigues Lobo, de 1610. Aqui coloca-lhe, pela primeira vez, um rosário ou camândula, na mão direita encostada ao peito.
A primeira imagem a mostrar Nuno de Santa Maria de Corpo inteiro, na veste de religioso, é a rude pintura seiscentista sobre tábua (Moura). Mostra o donato com rosário e bastão na mão direita, segurando na esquerda maquete de igreja.
Condestável
Voltando á versão retratista consideramos, agora, a representação de São Nuno como guerreiro. A primeira figura conhecida é uma xilografia da Cronica do Condestabre, da edição de Germão Galhardo, 1526. Trata-se de Nuno Álvares Pereira de corpo inteiro, de pé, calvo. Revestido de armadura, sustenta com as duas mãos a maça. No chão, à sua direita, o elmo.
A tela (Séc. XVI-XVII) da Casa do Cadaval, em Sintra, apresentada Nuno armada com rico arnês e pelote ornamentado. Na direita segura a maça e na esquerda a espada. No canto superior esquerdo, vê-se o brasão dos Pereiras, e no canto inferior direito, o elmo.
Beatificação
Após a beatificação, em 1918, multiplicaram-se as imagens. figurando como guerreiro, com a mão direita sobre o peito e espada, escudo e capa na esquerda é a Estátua de B.Verghetti, existente no Pontifício Colégio Português (1925). Pela mesma data, também Maria do Carmo dos Santos Pereira e Vasconcelos esculpiu um Nuno jovem e guerreiro, com as duas mãos a sustentar a espada, elmo no chão e olhos no alto. Encontra-se na sala das sessões da juventude Católica, em Lisboa.
A Escola Prática de Infantaria de Mafra mandou executar (1950) uma escultura do guerreiro, com elmo e couraça. Segura a espada na direita sobre o peito e na esquerda o grande escudo, com a cruz dos Pereiras.
Recente é a estatua equestre de Nuno Álvares, obra de Simões de Almeida, implantada junto ao mosteiro da Batalha. O Museu de Amarante conserva desenho de António Carneiro (1927) com São Nuno a cavalo, com a espada na mão esquerda.
Deixando, por agora, de lado representações raras com atribuição duvidosa, podemos referir a representação de Nuno como pagem num fresco do Palácio da Justiça do Porto, feito por Dório Gomes.
Cenas da Vida
Uma posição que iria ser muito glosada consiste em representar o santo de joelhos, em oração. É o caso do registo holandês do século XVIII, no qual Nuno Álvares está diante de imagem de Maria, em altar. No chão uma coroa ducal e um elmo de guerreiro. O famoso gravador Debrie executou (1749), para a Chronica dos Carmelitas de José Pereira de Santa Ana, a representação de diversos episódios: 1) Capítulo de 1423; 2) Nuno Álvares à porta do convento do Carmo; 3) Nuno de Santa Maria, vestido de donato, acompanha arquitecto e três religiosos em visita às obras do convento.
Também setecentistas são os azulejos da Igreja de Nossa Senhora da Orada, em Sousel, com as seguintes cenas: 1) Nuno Álvares manda edificar um convento; 2) Nuno Álvares de joelhos diante de imagem de Maria; 3) Nuno Álvares em oração, de joelhos, enquanto uma legião de anjos sobe escada; 4) Nuno acorre à batalha dos Atoleiros. O azulejo foi também usado por Jorge Colaço, seja na Capela de Fradelos, no Porto, onde o Condestável está de joelhos, seja na grande cena da Estação de S. Bento, Porto, que representa o santo a cavalo, na entrada de D. João I na cidade do Porto. O azulejo da Igreja da Senhora da Conceição, no Porto, mostra Nuno Álvares com bandeira erguida na esquerda e espada na direita, diante de campo de batalha e da fachada do Mosteiro da Batalha.
Na Casa-mãe dos Carmelitas Calçados (1916), em Roma, Giuseppe Gonnella pintou duas telas: 1) Vestição ou imposição do hábito a Nuno Álvares, copiada em azulejo da igreja do Carvalhido. 2) D. Nuno carmelita, com a mão direita estendida a apontar para uma mesa, sobre a qual estão a sua bandeira, a espada e o elmo. Alfredo Morais tratou vários passos da vida de Nuno Álvares Pereira: 1) prostrado em oração em plena batalha de Valverde; 2) Nuno Álvares em glória (1932). 3) Nuno Álvares à porta do convento, a mostrar o arnês debaixo do hábito.
O escultor Teixeira Lopes criou um belíssimo tríptico condestabriano, em baixo-relevo seleccionando três momentos da vida do santo: 1) Nuno de Santa Maria a cavalo, orientado por uma espécie de anjo; 2) Nuno Álvares semi-ajoelhado faz promessa diante da Maria; 3) Morte de Nuno de Santa Maria. Em 1929, esculpiu um baixo-relevo intitulado “Visão”. Finalmente existe também um relevo denominado “Ditosa pátria” que junta o nosso herói com Camões, a homenagear a Pátria. O pintor Sousa Lopes tem telas no Museu Militar. São interessantes as criações para ilustrar livros: Carlos Carneiro, Gouvêa Por-tuense e Martins Barata, por exemplo. Martins Barata executou um fresco para a Igreja de Santo Eugénio em Roma, dedicado à Senhora de Fátima. Aí mostra vários santos portugueses, entre os quais São Nuno de joelhos, mãos erguidas, com a bandeira do lado esquerdo e a espada no chão.
Na Casa-mãe dos Carmelitas Calçados (1916), em Roma, Giuseppe Gonnella pintou duas telas: 1) Vestição ou imposição do hábito a Nuno Álvares, copiada em azulejo da igreja do Carvalhido. 2) D. Nuno carmelita, com a mão direita estendida a apontar para uma mesa, sobre a qual estão a sua bandeira, a espada e o elmo. Alfredo Morais tratou vários passos da vida de Nuno Álvares Pereira: 1) prostrado em oração em plena batalha de Valverde; 2) Nuno Álvares em glória (1932). 3) Nuno Álvares à porta do convento, a mostrar o arnês debaixo do hábito.
O escultor Teixeira Lopes criou um belíssimo tríptico condestabriano, em baixo-relevo seleccionando três momentos da vida do santo: 1) Nuno de Santa Maria a cavalo, orientado por uma espécie de anjo; 2) Nuno Álvares semi-ajoelhado faz promessa diante da Maria; 3) Morte de Nuno de Santa Maria. Em 1929, esculpiu um baixo-relevo intitulado “Visão”. Finalmente existe também um relevo denominado “Ditosa pátria” que junta o nosso herói com Camões, a homenagear a Pátria. O pintor Sousa Lopes tem telas no Museu Militar. São interessantes as criações para ilustrar livros: Carlos Carneiro, Gouvêa Por-tuense e Martins Barata, por exemplo. Martins Barata executou um fresco para a Igreja de Santo Eugénio em Roma, dedicado à Senhora de Fátima. Aí mostra vários santos portugueses, entre os quais São Nuno de joelhos, mãos erguidas, com a bandeira do lado esquerdo e a espada no chão.
Reprodução da pintura existente na Sacristia do Convento do Carmo de Lisboa. |
Xilogravura da Cronica do Condestável - 1526 |
Reprodução do desenho de Frei Manuel de Sá - 1721 |
Tela da Casa do Cadaval. |
Azulejos of Nuno Álvares Pereira in Battle of Aljubarrota, in Centro Cultural Rodrigues de Faria, Forjães, Esposende, Portugal, from Jorge Colaço |
Escultura de S. Nuno, Mosteiro da Batalha. |
Azulejo da Igreja da Orada, S. Nuno rezando antes da uma batalha. |
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