História e Arte no Carmelo do Paraná

O Comissariado Carmelita do Paraná em seus 60 anos de história.
Frei Tiago Correia O.Carm[1]
            Para os carmelitas, o Monte Carmelo não é simplesmente um lugar geográfico, situado ao norte de Palestina, mas uma espiritualidade e uma forma de vida, podendo ser expandido a todo mundo, de modo que onde há um convento de frades ou irmãs carmelitas logo este lugar passa a ser conhecido como Carmelo.
            A expansão desta ordem religiosa se inicia ainda no século XIII, quando estes são obrigados a deixar o Monte Carmelo na Terra Santa, pelos ataques muçulmanos, e partem para Europa, chegam à Alemanha em 1268, é da Alemanha que muitos séculos depois o Carmelo se estenderia a outras partes do mundo.
            Da Província Germaniae Superioris (Alemanha), em 1936, frei Ulrico Goevert, um frade com profundo ideal missionário, sai rumo ao Brasil. Chegou em Recife dia 1º de Março de 1936. Na Província Pernambucana, assumiu o ofício de mestre de noviços e a atividade missionária no interior nordestino, porém sempre sonhou com uma missão própria. Em 1951, depois de muitos pedidos a vários bispos do Sul do Brasil, todos negados ou ignorados, decidiu ir a São Paulo confiando na Providência Divina. Ali manteve contato com o bispo de Jacarezinho Dom Geraldo Proença Sigaud SVD, que lhe ofereceu a Paróquia São Sebastião de Paranavaí (na época com 12.000 km2). Assim teve início do Comissariado Carmelita do Paraná em Paranavaí.
            Em 1951, a igreja matriz da Paróquia São Sebastião era “uma casa de madeira sem telhado e com uma pequena torre” e a própria cidade não contava com mais de 60 casas. A posse de frei Ulrico Goevert como novo pároco aconteceu no dia 29 de agosto. O trabalho era grande e a evolução já podia ser vista apenas dez dias depois, quando a igreja matriz já estava com telhado. Assim frei Ulrico pôde instalar o sacrário. Naquele momento assumiu um grande compromisso ao dizer: “Salvador, enquanto os Carmelitas estiverem aqui, esta luzinha nunca se apagara”[2].
           


Frei Ulrico Goevert O.Carm.



Segunda Igreja Matriz da Paróquia S. Sebastião e primeiras instalações do Colégio Paróquia Nossa Senhora do Carmo – Paranavaí-PR.



Primeira Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora das Graças – Graciosa-PR.


A participação na Igreja aumentou muito, de modo que nem um ano depois, a pequena capela era pequena demais e devia-se construir uma nova e ampla igreja matriz, o que acontece já em 1952, porém os problemas doutrinários e morais estão presentes na jovem paróquia composta por migrantes de várias partes do país. Nesta realidade, frei Ulrico trabalhou incansavelmente e com grande zelo pastoral, administrou os sacramentos, difundiu a devoção a Nossa Senhora do Carmo e ao Escapulário, visitou seu grande território paroquial organizando a construção de capelas, pregou missões nas paróquias vizinhas. A primeira ajuda chegou da Província Pernambucana que enviou frei Estanislau José de Souza. Ele chegou em Paranavaí no dia 3 de outubro de 1951, que na época era o dia de Santa Teresinha. Ele era irmão leigo – como se chamava naquele tempo. Dedicou-se principalmente aos trabalhos no convento, mas foi também uma grande ajuda na pastoral principalmente na catequese das crianças e jovens.
            Ainda em 1952, outra obra foi iniciada: a Escola Paroquial Nossa Senhora do Carmo., As dificuldades eram grandes, pois os recursos eram escassos, porém com crianças não alfabetizadas não se podia fazer uma catequese como se devia, então frei Ulrico não mediu esforços para que estas tivessem a melhor educação possível. Nesta obra frei Estanislau também lhe foi auxílio, pois passou a dar aulas na escola. Em 1954 foi iniciado um jardim de infância. A escola recebeu sua licença oficial para funcionar somente no dia 17 de junho de 1956, e logo seria reconhecida como a melhor escola da região.
A Província Carmelita Alemã, preocupada com a missão, enviou três frades estudantes para cursarem teologia em São Paulo. Após a conclusão dos estudos, seriam ordenados e iriam trabalhar em Paranavaí. Infelizmente a experiência fracassou. Os três jovens carmelitas não se adaptaram e acabaram deixando a vida religiosa já em agosto de 1952.
Em fevereiro de 1952 a nova frente missionária recebeu a visita do então provincial frei Jacobus Beck. Frei Ulrico, apesar das dificuldades, conseguiu custear esta viagem, e se alegrou sumamente com a visita. Frei Jacobus conheceu o enorme trabalho missionário a ser ali realizado. Esta visita foi relatada em seu livro “Minha viagem à região missionária de Paranavaí”[3]. Sua visita se estende ainda aos três estudantes que estavam em São Paulo, e retornou a Alemanha cheio de entusiasmo com a missão. Ele prometeu enviar mais frades para a missão.
O Padre Provincial logo cumpriu sua promessa e da Alemanha enviou frei Henrique Wunderlich. Este que chegou a Paranavaí em 1952. Após cinco anos de trabalho dedicado ao povo do Noroeste do Paraná, retornou para a Alemanha em 1957. Além de carmelita e sacerdote, era escultor. Foi responsável pela confecção do altar e sacrário, ambos ornados com belas gravuras, e pelo entalhe do grande crucifixo que é usado até o presente na Paróquia São Sebastião. 
A cidade Paranavaí crescia dia a dia, com isso outra igreja teve de ser construída usando o material mais abundante na época a madeira, contava com 45m por 18 de largura, uma bela construção em três naves, com torre, que foi abençoada em 1953.
Nos anos seguintes muitos outros frades são enviados a missão no Brasil, Frei Boaventura Einberger chegou em 1953 com a missão de fundar um seminário. Instalou-se em Graciosa, distante 18 km de Paranavaí. Além dos ofícios pastorais, ensinava latim e matemática para as crianças. Logo conseguiu a doação de terrenos entre as famílias de Graciosa para construção de um convento com seminário. Posteriormente no lugar da pequena capela foi construído uma Igreja dedicada a Nossa Senhora das Graças, a padroeira recebeu uma pintura acima do presbitério do artista húngaro Balint Fehrkut.
Em 1954 chegam Frei Burkard Lippert e Frei Alberto Först. Com isso se pode fazer uma primeira divisão dos trabalhos. Frei Alberto foi nomeado prior e tesoureiro no Convento de Paranavaí, que havia sido erigido canonicamente em junho de 1954. Frei Ulrico continuou se dedicando à paróquia. Frei Burkard teve que voltar para a Alemanha por motivo de saúde. Em 1955 o Carmelo paranavaiense foi enriquecido com o ramo feminino, pois da Itália chegara quatro Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresinha, que passam a ajudar os frades nas tarefas do convento e no trabalho pastoral e de ensino.


Paróquia São Sebastião  Paranavaí-PR



 Igreja Matriz da
Paróquia Imaculada Conceição  Curitiba-PR.



Seminário Imaculada Conceição  Graciosa-PR.
Da Alemanha a ajuda é constante, são destinadas preces e recursos à missão no Brasil, e outros tantos frades passam ao trabalho missionário, Frei Bruno Doepgen 1956, Frei Matias Warneke em 1958, Frei Rafael Mainka 1961, Frei Joaquim Knoblauch 1962, Frei Jerônimo Brodka 1963, Frei Justino Stampfer 1965, e mesmo com o aumento do número de frades estes não conseguem acompanhar o avanço migratório e demográfico da região de Paranavaí assim a grande Paróquia São Sebastião, passa a ser divida para o melhor atendimento pastoral.
Em 1960 foi colocada a pedra fundamental da nova Igreja Matriz de Paranavaí. Mais uma vez os missionários carmelitas iniciavam uma grade obra, pois seria uma construção com “60m de comprimento, 24 de largura, 9 de altura no interno”, uma bela Igreja que em 1965 já podia ser abençoada, e posteriormente passaria a ser o cartão postal da cidade. Junto da Igreja a necessidade da construção de um novo convento. Este foi projetado, como a igreja matriz, pelos arquitetos Kölg e Szylagi, de forma ampla e útil. A igreja foi ornada com uma bela pintura do batismo do Senhor em seu batistério e um Via Sacra esculpida em pedra ambas do artista Balint Feherkuty o mesmo artista pintará dois grandes painéis no convento um deles retratando a Santa Ceia no refeitório e outro na biblioteca sendo uma paisagem da cidade alemã Bamberg.
Na cidade de Paranavaí surge como primeira vocação para o Carmelo do Paraná, frei Theodoro Miyamura, que ingressou no noviciado no ano 1965 no convento do Carmo de Mogi das Cruzes – SP, e professou seus votos solenes na mesma cidade em 1966, ainda em São Paulo iniciou seus estudos de filosofia, porém veio a falecer por problemas cardíacos em 1967. Em 1966 a Província enviou mais um frade, Frei Afonso Pflaum. Em 1967 o Comissariado estendeu seu trabalho a mais duas paróquias, Santa Maria Gorete e São José em Cidade Gaúcha que tem como seu primeiro pároco frei Bruno, e Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Curitiba que tem como seu primeiro pároco frei Rafael Mainka. Ainda em 1967 chegou da Alemanha frei Timóteo Schorn, que ficou apenas 2 anos no Brasil.
No ano de 1968 chegou da Alemanha, Frei Agostinho Wolf. Neste ano Paranavaí passa a ser Diocese, conta com a Igreja São Sebastião como pró-Catedral, e seu bispo dom Benjamim Gomes, residiu por dois anos no Convento do Carmo, onde também funcionou a cúria diocesana.
No local reservado ao Convento do Carmo de Graciosa já em 1953 fora colocada a pedra fundamental para abrigar também o Seminário Menor Imaculada Conceição. Em 1955 funcionou ai uma escola para alunos externos, somente em 1959 depois da ampliação das instalações se pode receber seminaristas internos, nestes anos o seminário passou a funcionar também como ginásio. Para o ensino colegial, foi aberto em 1969 o seminário em Paranavaí. Seu primeiro reitor foi frei Rafael Mainka. Inicialmente funcionava na construção de madeira onde tinha sido o primeiro convento carmelita, na rua Maranhão – hoje Sílvio Vidal. Em 1973, foi iniciada a construção de um novo prédio para as instalações do seminário que contava também com capela que foi dedicada a São João da Cruz, em 1974 é abençoada pelo bispo diocesano dom Benjamim de Sousa Gomes. 
A edificação de um convento em Curitiba era de suma importância, pois no comissariado não havia um convento para o noviciado ou para a formação de estudantes de filosofia e teologia. A casa paroquial da Vila Fanny em 1968 abrigou os dois estudantes de teologia: frei Antonio Ferraz Júnior e frei Enedino Caetano Pereira, bem como os seminaristas de uma turma do colegial. Em 1970 foi construído o novo convento com 13 quartos ao lado da igreja. Assim havia condições também para se tornar casa de noviciado. Por isso de 1971 a janeiro de 1981 funcionou ali noviciado e clericado, como se dizia na época para o juniorado. Como aumentou o número de frades o convento se tornou pequeno e foi preciso fazer uma grande ampliação. Assim foi construído um novo prédio que é inaugurada em 1978. A bela capela foi dedicada ao Profeta Elias.
Em 1971 a província enviou frei Paulo Pollmann, o último carmelita alemão que foi enviado para o Comissariado do Paraná. É na década 1970 que o trabalho vocacional do Comissariado começa a dar frutos, professam os votos perpétuos na Ordem do Carmo: frei Wilmar Santin em 29 de agosto de 1976, frei Aleixo Ruckl no dia 15 de Janeiro de 1978, frei Filomeno dos Santos e Gentil Lima no dia 15 de Janeiro de 1979 e frei Romualdo Borges de Macedo em 07 de Junho de 1981, assim o trabalho do  Comissariado passa a ser assumido também pelos frades brasileiros. 
No final da década de 1970 os carmelitas passam a fazer constantes incursões à diocese de Caitité na Bahia, para as missões populares, estas incentivadas pelo bispo da Diocese Dom Eliseu Maria Gomes de Oliveira, também carmelita.
No inicio da década de 1980 temos um voltar-se do Carmelo de Curitiba para os mais pobres, o primeiro trabalho é realizado em uma região carente bem próxima de nossa paróquia na vila Fanny, esta comunidade ganharia o nome do Pai Espiritual dos Carmelitas, Profeta Elias, ai os frades criaram grupos de estudo bíblico e animaram a comunidade eclesial, estando juntos dos mais pobres.
Em 1982 este mesmo ideal de estar com os que mais precisam, leva os frades a Vila Acordes, Paróquia São Pedro Apóstolo, também em Curitiba e ali iniciam atividades de formação bíblica e litúrgica, a presença carmelitana faz com que parte da paróquia passe a se chamar setor Monte Carmelo. Os freis estavam também envolvidos na luta pela moradia como relata frei Edmilson “neste período, junto com as lideranças das CEB’s[4] e da Associação de Moradores dos Bairros Xaxim, Pinheirinho e Alto Boqueirão, os Carmelitas continuaram a atuar na luta pela moradia, que culminou, em 1988, com a ocupação de um grande terreno que propiciou o nascimento de hoje conhecido Bairro Xapinhal.”[5]
No fim da década de 80 temos a recepção de novos frades, fazem seus votos perpétuos: frei João Batista Prieto no dia 30 de Novembro de 1983,  frei Francisco Manuel de Oliveira no dia 13 de Janeiro de 1985, frei Rivaldave Paz Torquato no dia 16 de Julho de 1985, frei Edmilson Borges de Carvalho no dia 22 de Novembro de 1986, frei Osmar Vieira Branco no dia 20 de Fevereiro de 1988 e frei Antônio Carlos Gomes no dia 14 de Maio de 1989.
O Carmelo paranaense parte para outra região pastoral em 1984 assumindo a paróquia Senhor Bom Jesus em Dourados, Mato Grosso do Sul. Ali frei Joaquim Knoblauch foi o primeiro pároco carmelita. Em 1985 foi transferido para Dourados frei Alberto Föerst, que no dia 6 de Julho 1988, foi nomeado bispo coadjutor para a Diocese de Dourados. Sua ordenação episcopal aconteceu em setembro do mesmo ano. O trabalho junto à paróquia Senhor Bom Jesus continuou e outros frades também desenvolveram seu ministério pastoral junto às comunidades Aral Moreira e Angélica na Diocese de Dourados.
Em 1990 o capítulo do Comissariado decidiu que se deviam entregar as paróquias de Cidade Gaúcha e Tapira para possibilitar a abertura de uma nova frente missionária na Amazônia.
 A contemplação que marca o inicio do Carmelo se torna claramente presente por meio das monjas, o Carmelo do Paraná no ano de 1991 passou a contar também com a presença destas mulheres dedicadas unicamente a oração, com um grupo de oito irmãs oriundas do mosteiro Flos Carmeli de Jaboticabal para Paranavaí, aí com a ajuda dos frades fundaram o monteiro Mater Carmeli.
No dia 05 de Setembro de 1993, professou seus votos perpétuos frei Ivani Pinheiro Ribeiro, e assim o Carmelo recebe mais um frade.
Em 1993 se encerrou os trabalhos do Seminário Menor Imaculada Conceição de Graciosa e o convento passou a ser casa de Noviciado.
Em 1994 os Carmelitas assumem outra ampla missão, ir a Rondônia, uma região jovem do Brasil, para onde as migrações eram constantes fazendo com que a população principalmente nas comunidades rurais aumentasse e a Igreja por falta de ministros não podia dar a assistência religiosa necessária, frente a estas dificuldades, inspirados pelo espírito missionário dos primeiros Carmelitas no Paraná, assumem a Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Rolim de Moura, frei Edmilson como pároco, frei João Batista Prieto e frei Antônio Carlos como vigários paroquiais. A extensão da nova paróquia era grande e as comunidades rurais chegam a mais de uma centena, nem mesmo a Igreja Matriz estava totalmente construída. Os desafios eram grandes, mas com uma pastoral bem organizada e enorme contribuição de ministros leigos, pouco a pouco as necessidades passam a ser supridas e se pode dar um melhor atendimento pastoral.
Em 1994 os freis que residiam no setor Monte Carmelo na Paróquia São Pedro começam a dar assistência a um novo loteamento que se tornava um grande bairro em Curitiba este chamado de Bairro Novo. Neste ano frei Filomeno foi algumas vezes celebrar nas capelas que estavam sendo construídas ou em escolas. No ano de 1995 frei Ivani como diácono passou a atender a nova localidade todos os fins de semana fazendo as celebrações e administrando os sacramentos. Pouco a pouco foi organizando as comunidades que surgiam, segundo modelos das CEB’s, com “rumos”, reuniões conjuntas para discutir as questões relativas a vida de cada comunidade, bem como da vida de todas as comunidades do Bairro. Como o trabalho ali era grande e aumentava de acordo com a multiplicação da população e das comunidades, no ano de 1996 ficou decidido no capítulo do comissariado que os freis deixariam a vila São Pedro e passariam a residir no Bairro Novo, foram então morar em uma casa ao lado da Comunidade São Francisco, frei Francisco, frei Dacir e um postulante. Logo foi adquirida a casa de postulando a qual foi dedicada ao Beato frei Tito Brandsma, e posteriormente uma casa para os estudantes de Teologia.  Dom Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba, pediu para que os carmelitas assumissem as comunidades do Bairro Novo como uma Paróquia. Assim o conjunto das 12 comunidades passou a formar a Paróquia Profeta Elias, erigida no ano 2000. As capelas construídas em estado provisório passaram a ser substituídas por novas Igrejas, destaca-se os belos painéis iconográficos pintados na Igreja Matriz e nas comunidades Santa Isabel e São José pelo frei Emerson Francisco Faustino.
O Carmelo continuou sendo interpelado pelos necessitados, no convento do Carmo da vila Fanny. O número de pedintes crescia a cada dia, os frades frente a esta situação e sabendo que o problema era bem maior que a fome, ou seja, o grande mal era a dependência química (bebida), com a ajuda dos leigos no ano de 1994 abriram uma casa para acolhida destes homens. Como crescia a cada dia o número de necessitados de tratamento, era necessário ampliar a obra. Surgiu a oportunidade com a saída das monjas beneditinas de Curitiba. O mosteiro delas, situado no Bairro Pinheirinho, foi adquirido – com ajuda inicial do exterior - e passou a se chamar Mosteiro Monte Carmelo. Ficou inteiramente destinado para a recuperação de dependentes químicos e alcoólicos, passando a unir o carisma do Carmelo com o trabalho terapêutico, fato que chama a atenção de toda a Ordem, pois frente a novos problemas atualiza-se o ser carmelita.
No ano de 1995 o Carmelo passou a se estender de forma especial aos leigos, no dia 2 de abril deste ano, aconteceu à primeira reunião dos leigos carmelitas que provinham das paróquias São Pedro e Nossa Senhora da Conceição em Curitiba. Anos depois este grupo de leigos carmelitas migraria para a Paróquia Profeta Elias, este passou a ser chamado de Carit em referência ao córrego onde o profeta Elias pôde matar sua sede (1 Reis 17, 2-7), pois é na fonte da espiritualidade carmelitana que homens e mulheres em sua vida cotidiana, em suas famílias, trabalho, estudo passam a viver autenticamente o espírito de santidade próprios de todo cristão; surgem ainda outros grupos de leigos carmelitas em Curitiba, Paranavaí e Rondônia.
Nestes anos o comissariado se alegrou com a profissão perpetua dos frades: frei Luis Marin e Claudemir Rozin em 12 de Julho de 1998 e frei Marcos Alencar em 17 de Dezembro de 1999.
Os 750 anos do Escapulário celebrados em 2001, revigoram o caráter mariano de nosso carisma, a devoção carmelitana por excelência é o santo escapulário, e o Carmelo se difunde a todos os povos por meio dele, pois esta é a segunda maior devoção mariana da Igreja, no comissariado se celebrou devotamente esta festa e em Curitiba transpôs os limites de nossas paróquias e conventos, pois foram organizadas peregrinações com a imagem de Senhora do Carmo entregando o escapulário a São Simão, com ela se percorreu a arquidiocese de Curitiba levando esta bela devoção mariana.
No inicio dos anos 2000 professaram seus votos perpétuos os freis: Emerson Francisco Faustino, Vilson Rech e Flávio Barbosa no dia 16 de Novembro em 2003 e frei Silvio Didier Mourão em 30 de Abril de 2004.
Em 2008 encerra-se a presença carmelitana na diocese de Dourados, com a entrega da paróquia Senhor Bom Jesus e a supressão do convento, pois logo partiriam nossos frades mais ao Sul, em 2009 na cidade de Navegantes, Santa Catarina, os frades assumem a Paróquia São Domingos de Gusmão, uma paróquia em difícil situação pastoral que pouco a pouco se observa grandes mudanças, o ativo trabalho com a juventude faz que a paróquia ganhe novos ares e o constante incentivo a devoção Mariana e popular por meio de novenas que atraem fiéis de todo a região, a Igreja Matriz é reformada e ganha um belo painel pintado pelo artista Júnior Batista, novo altar que fora sagrado pelo bispo diocesano de Blumenau, Dom José Negri, em 2012. As demais capelas já foram ou estão em processo de construção. 
A Paróquia São Sebastião que recebera os primeiros carmelitas, conserva um bela devoção a Senhora do Carmo, devido a isso o bispo diocesano Dom Sérgio Aparecido Colombo eleva esta paróquia a Santuário de Nossa Senhora do Carmo em sua solenidade litúrgica no ano de 2009, já em 2010 a praça junto a Igreja seria remodelada e receberia uma grande imagem da Mãe dos Carmelitas.
Entre os anos de 2009 e 2010 estivemos presentes na Amazônia assumindo duas paróquias na cidade de Manaus, São Lázaro e Imaculado Coração de Maria, certamente este fato nos recorda a história do Carmelo no Brasil, que nos séculos XVII e XVIII registrou uma presença marcante na evangelização dos povos indígenas nesta região.
Em 04 de Março de 1720 o Santo Padre Clemente XI nomeava o carmelita frei Bartolomeu do Pilar como primeiro bispo do Pará, no dia 8 de Dezembro de 2010 o Santo Padre Bento XVI nomeou outro carmelita frei Wilmar Santin como bispo da Prelazia de Itaituba no Pará. Passaram-se muitos séculos, porém as dificuldades na evangelização desta região continuam sendo desafio para Igreja, frei Wilmar Santin foi ordenado na festa de São José em Março de 2010. Tomou posse dia 10 de abril de 2011. Em setembro do mesmo ano, outro carmelita o frei Romualdo Borges de Macedo foi enviado para ajudar Dom Frei Wilmar. Assim depois de um século e meio novamente há a presença do Carmelo no Pará.


Igreja Matriz da Paroquia Nossa Senhora da Boa Viagem Florianópolis- SC


Igreja Matriz da Paróquia São Domingos de Gusmão
Navegantes-SC



Painel iconográfico pintado por frei Emerson Faustino, na Igreja São José, Paróquia Profeta Elias.
Curitiba-PR


Tendo em vista outra casa onde os frades pudessem estudar teologia, se opta pela cidade de Florianópolis, nesta arquidiocese também se assume a paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, tendo como seu primeiro pároco carmelita frei Edmilson Borges de Carvalho que tomou posse no dia 26 de Fevereiro de 2011.
Nos últimos anos o Carmelo teve a alegria de receber os votos perpétuos dos freis: João Alves Bernardes em 02 de Setembro de 2006, Cleidimar Vilela Roquim da Silva em 18 de Agosto 2007, Alfredo José Pimenta e Wagner Sanagiotto em 06 de Janeiro de 2010, Kleiton Jesus Ribeiro em 04 de Janeiro de 2012, Alexandre Ferreira em 11 de Fevereiro 2012, Anderson Lúcio Emanuel e Klenio Peroso Gonçalves em 04 de Fevereiro de 2012, Edimar Fernando Moreira, Tiago Evaristo do Vale Santos e Wagner Alexandrino Nicola em 21 de Abril de 2012.
A província Germaniae Superioris que com seus missionários criaram tantas outras províncias e este comissariado, celebrou seu último capitulo na semana após o Pentecostes de 2012, depois disso as duas antigas províncias alemãs darão origem a uma única província carmelita na Alemanha, visto que seus frades são poucos, bem como suas vocações; neste capitulo também se decidiu a independência do Comissariado Provincial do Paraná que passará por decreto do Prior Geral a ser Comissariado Geral, se desligando da província alemã e esperançoso em se tornar no futuro uma província.
  Diz Marc Bloch um dos maiores historiadores de todos os tempos que “o cristianismo é uma religião de historiador”[6], pois nós cristãos cremos que nosso Deus fala na história e sem história não temos fé, perdemos nossa identidade, não temos gratidão, não podemos olhar nem os erros, nem os acertos do passado. Sendo assim, esta breve história do Carmelo no Paraná, foi escrita para que possamos ver os prodígios que fizeram nossos predecessores Carmelitas e para que hoje nós, frades, irmãs e leigos Carmelitas, possamos no espírito de Elias e Maria dar continuidade ao trabalho iniciado, até nos reunimos todos no Reino dos Céus.

 




[1] Este trabalho não pretende ser cientifico, mas sim uma construção histórica a partir de fontes e fatos sendo uma interpretação de caráter pessoal. Agradeço a Dom Frei Wilmar Santin O.Carm, que em meio a seu grande trabalho pastoral revisou este texto, bem como a frei Filomeno dos Santos e frei Ivani Pinheiro Ribeiro que contribuíram para que fosse escrito.
[2] GOEVERT, Ulrico. Histórias e Memórias de Paranavaí. Paranavaí: Editora do Carmo, 1992, p. 10.
[3] BECK, Jacobus. Minha viagem à região missionária de Paranavaí. Paranavaí: Editora do Carmo, 1991. Tradução: Frei Wilmar Santin, O.Carm.
[4] Comunidades Eclesiais de Base, como eram conhecidas as pequenas comunidades influenciadas pelos ideais de uma corrente teológica existente nas décadas de 1970 e 1980, chamada Teologia da Libertação.
[5] CARVALHO, Edmilson Borges de. A mística carmelitana e a solidariedade no Mosteiro Monte Carmelo. Curitiba, 2010. Dissertação de Mestrado em Teologia, PUC-PR.
[6] BLOCH, Marc. Apologia da História, Rio de Janeiro: Zahar, 2001.


***

Frei Henrique Wunderlich O.Carm.



Nasceu no dia 17/10/1921 em Kulmbach - Alemanha. Entrou no seminário dos carmelitas em 1935. Foi soldado de 1935 a 1945 durante a Segunda Guerra Mundial. Como soldado frequentou a escola de aviação e paraquedismo, por isso enquanto esteve em Paranavaí acalentou o sonho de construir um avião para poder ir celebrar nas várias cidades da região sem ter que enfrentar o problema das péssimas estradas. Não chegou a concretizar o seu sonho de ter um avião. 
Fez noviciado em 1946 em Straubing. Estudou Filosofia e Teologia em Bamberg. Foi ordenado dia 29/07/1951 em Bamberg. Em 1952 foi transferido para o Brasil. Trabalhou em Paranavaí, Graciosa, Tamboara e São Carlos do Ivaí. Deu aulas no seminário de Graciosa.
A principal marca que ele deixou de sua passagem em Paranavaí é o grande crucifixo que esta na Igreja São Sebastião/ Santuário do Carmo. Em dezembro de 1957 voltou para a Alemanha. Trabalhou nas paróquias de Fürth e Schlüsselau.
Em 1968 deixou a Ordem e transferiu-se para o clero da diocese de Mainz. Trabalhou quatro anos em Bad Vilbel e vinte dois em Karben. Aposentou-se em 1993 e voltou para a sua cidade natal Kulmabach, onde faleceu em 18/04/2000 e foi sepultado em 25/14/2000.

Fonte: Necrologio do Comissariado do Paraná.






***



Bálint Feherkuty





Cristo Ressuscitado - Santuário do Carmo - Paranavaí PR

Via-Sacra, escultura em cerâmica - Santuário do Carmo - Paranavaí  

Batismo do Senhor - Santuário do Carmo - Paranavaí
Cristo - Convento do Carmo - Paranavaí

Paisagem de Bamberg - Convento do Carmo - Paranavaí 


Santa Ceia - Convento do Carmo - Paranavaí 


Nossa Senhora do Carmo - Convento do Carmo - Paranavaí 

Nossa Senhora das Graças - Paróquia N.S. das Graças - Graciosa-Paranavaí 


Nossa Senhora do Carmo, Escultura em pedra - Convento do Carmo  - Graciosa -Paranvaí




***

Conrado Moser

Conrado Moser, ainda jovem e incentivado pelo pai, aprendeu a profissão de escultor com o tio Josef Moser. Em Oberammergau - Alemanha desenvolveu seus conhecimentos em escultura. Voltou-se principalmente à arte sacra, porém em diversos tamanhos. Trabalhos em madeira e concreto.

Tel. (49) 3537 - 9971 ou (49) 9971 - 7713

Rua Leoberto Leal, 392 - CEP: 89650-000 / Treze Tílias - SC




Santa Teresinha - Santuário do Carmo - Paranavaí/PR

São Sebastião - Santuário do Carmo - Paranavaí/ Pr


Nossa Senhora do Carmo - Santuário do Carmo - Paranavaí, PR



Convento do Carmo - Curitiba PR


Cristo Ressuscitado - Capela do Convento do Carmo - Curitiba-PR  






***

Frei Emerson Faustino O.Carm.

Emerson Faustino e frade carmelita, graduado em filosofia e teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Seu trabalho artístico e focado na produção de ícones sacros para a ornamentação de igrejas.

E-mail: effocarm@yahoo.com.br


Igreja de São José - Bairro Novo/Curitiba-PR


Capela do Santíssimo, Igreja de São José - Curitiba-PR

Elias sendo alimentado pelo anjo 1Rs, 19 - Igreja de São José

Sonho de São José, Mt,1 - Igreja de São José 

Anjo - Igreja de São José

Igreja de Santa Isabel - Bairro Novo, Curitiba-PR

São José

Nossa Senhora do Carmo - Curitiba-PR

Paixão de Cristo



***

Antonio Batista de Souza Junior


Ícone da Paróquia São Domingos de Gusmão - Navegantes SC

Vitrais



Santuário do Carmo - Paranavaí 


Convento do Carmo - Paranavaí 




6 comentários:

  1. Show de bola poderia publicar no Wikipedia !!!

    ResponderExcluir
  2. Estudei no seminário de Graciosa quando tinha 14 anos e fui contemporâneo do frei Ivani Pinheiro Ribeiro. O superior no Seminário era o frei Jerônimo, a quem devo muito. Parabéns pelo histórico. Foi muito informativo.

    Francisco Carlos Luciani

    ResponderExcluir
  3. Parabéns é muito pouco a dizer a quem organizou esse trabalho.
    Realmente ficou muito bom. Agradecemos a Deus ao amor expresso e a dedicação. Deus o abençoe!

    ResponderExcluir